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Durante o evento “HIV/AIDS: Conhecendo os Direitos das Pessoas e Celebrando os Avanços da Medicina”, realizado no dia 29 de novembro em São Paulo, especialistas destacaram os avanços e desafios no combate ao HIV/AIDS. Promovido pelo Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, em parceria com a AHF Brasil e Adyen Pride Latam, o encontro reuniu especialistas, líderes corporativos e representantes de ONGs para discutir o tema no contexto de direitos, diversidade e saúde pública.
Rico Vasconcelos, médico infectologista e pesquisador da FMUSP, apresentou dados que mostram uma queda de 39% nos casos de HIV/AIDS globalmente entre 2010 e 2023. No entanto, ele destacou que a América Latina registrou um aumento de 9% no mesmo período. Em 2023, mais de 1,3 milhão de pessoas foram infectadas pelo vírus, número três vezes maior que o projetado pela ONU, que trabalha para erradicar a epidemia até 2030.
Resultados locais contrastam com o cenário global
Apesar do cenário preocupante em escala global, São Paulo apresentou progressos significativos. Entre 2018 e 2024, os casos de HIV/AIDS na cidade caíram 55%, com uma redução de 74% na região central, conforme dados apresentados por Vasconcelos.
Debates e desafios abordados no evento
O encontro contou com a participação de especialistas como Ariadne Ribeiro (UNAIDS), Beto de Jesus (AHF Brasil) e Reinaldo Bugarelli (Fórum LGBTI+), que discutiram a importância de criar ambientes inclusivos, ampliar o acesso à saúde e combater o estigma que ainda cerca o HIV/AIDS.
Para Ariadne Ribeiro, a diversidade precisa ser um pilar do diálogo social e corporativo. “Que possamos falar das diferenças sem estigmas, permitindo que pessoas diversas ocupem espaços dentro das empresas, trazendo perspectivas mais amplas e abrangentes. A diversidade deve ser parte integrante da nossa vida”, afirmou.
Já Beto de Jesus destacou a necessidade de enfrentar o preconceito para melhorar o acesso ao diagnóstico e tratamento. “Muitas pessoas fazem a primeira testagem já com AIDS avançada por causa do estigma. Quanto mais cedo o tratamento é iniciado, melhores são os resultados e menor é a transmissão do vírus. O problema não é o acesso ao remédio, mas o julgamento social que impede as pessoas de procurarem ajuda”, disse.
Ciência, tecnologia e inclusão
Rico Vasconcelos enfatizou os avanços científicos e tecnológicos no tratamento do HIV/AIDS, mas alertou que questões sociais como racismo, homofobia e desigualdade ainda dificultam a prevenção e o controle do vírus. “Se não enfrentarmos essas questões de direitos e igualdade social, não conseguiremos acabar com a epidemia. Esses desafios comprometem o acesso e a eficácia da prevenção ativa”, afirmou durante uma roda de conversa mediada por Beatriz Pena, analista de risco da Adyen.
Compromissos para o futuro
O evento também reforçou a importância de iniciativas como o cadastro de trabalhadores com informações sobre orientação sexual e identidade de gênero até 2025, visando ampliar políticas de inclusão e acesso a direitos. Além disso, foi discutida a ampliação dos métodos de prevenção e o papel das empresas na criação de ambientes seguros e respeitosos para pessoas vivendo com HIV/AIDS.
“A discriminação não apenas prejudica as pessoas infectadas, mas também alimenta crimes de ódio e impede avanços sociais. O compromisso com a inclusão é essencial para construir uma sociedade mais humana e respeitosa”, concluiu Vasconcelos.