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Com mãos calejadas e um rosto marcado pelo tempo, Dona Maria Viana Severino, moradora ilustre de Arujá, é um testemunho vivo de quase um século de história. No dia 10 de dezembro, ela comemorou seu 90º aniversário, cercada pelo amor dos filhos, netos e bisnetos, além de muita gratidão pela vida. Sua trajetória, repleta de desafios e conquistas, é um reflexo da força e determinação que a acompanharam desde a infância.
Nascida em Paraibuna, Dona Maria perdeu a mãe aos 11 anos, vítima de complicações no parto de sua irmã. As duas perderam contato por 35 anos, até se reencontrarem. Essa perda precoce marcou sua vida, mas também a fortaleceu. Criada pelo pai, que trabalhava na construção da Rodovia Presidente Dutra na década de 1940, ela aprendeu desde cedo o valor do trabalho e da obediência. “Sempre respeitei muito meu pai, ajudava em tudo o que podia. Acho que foi isso que Deus viu em mim e me deu saúde e disposição até hoje”, reflete.
Aos 15 anos, Dona Maria casou-se com José Severino Filho, conhecido como Zico, que atuava no ramo da construção civil. Eles compartilharam 24 anos de casamento. Juntos, tiveram nove filhos, dois dos quais faleceram ainda bebês, além de perder, mais recentemente, sua filha Osana. Hoje, são seis filhos vivos: Otília, Onéia, Gerival, Genival, Odinéia e Genésio, ex-prefeito de Arujá, além de 14 netos e três bisnetos.
Dona Maria lembra com carinho da sogra, que também foi sua parteira. “Todos os meus filhos nasceram em casa, e minha sogra era como uma mãe para mim. Nunca tive problemas com ela, e isso foi muito importante na nossa convivência”, conta.
Chegando a Arujá ainda jovem, Dona Maria viu a cidade crescer ao longo das décadas. “Quando viemos para o Jardim Rincão, não havia quase nada aqui. Meu marido colocou o primeiro poste para termos luz em casa, porque nem isso existia”, recorda.
Ao longo dos mais de 70 anos no município, Dona Maria testemunhou transformações que marcaram o progresso da região, desde a instalação de infraestrutura básica até o desenvolvimento urbano.
Devota e frequentadora da Congregação Cristã no Brasil, Dona Maria sempre priorizou a educação e os valores familiares na criação de seus filhos. “Ensinei a eles a importância de respeitar os pais, de serem trabalhadores e estudiosos. Hoje, vejo meus netos e bisnetos seguindo esse caminho, e isso me enche de orgulho”, afirma.
Mesmo após a perda do marido em 1974, vítima de câncer, Dona Maria manteve a família unida. Criou os filhos menores sozinha e, com o apoio dos mais velhos, superou os desafios da vida.
Ao completar 90 anos, Dona Maria credita sua longevidade à fé, à obediência e à disposição de nunca parar. “Não sou preguiçosa, nunca fui. A gente não pode ficar parada, porque enferruja”, brinca.
Hoje, Dona Maria vive cercada pelo carinho dos filhos, netos e bisnetos, que a consideram uma inspiração. “Sou muito feliz com a vida que tive e com a família que construí. Não tenho mais sonhos a realizar, só agradeço a Deus por tudo”, conclui com um sorriso.
Dona Maria Viana Severino é, sem dúvida, um exemplo de resiliência, amor e dedicação à família. Sua história é uma celebração da vida e uma inspiração para as gerações que a seguem.